Para quem leu alguma coisa sobre a história da América
Latina sabe que foi de pleno interesse para os capitalistas ingleses a
fragmentação da região em vários países a partir dos movimentos de libertação
da Espanha no Século XIX. O sonho da chamada ‘Pátria Grande’ de Simon Bolívar
não agradou as elites colonialistas da Patagônia ao México, que preferiram
manter seus luxos e comodidades custeadas pelos novos países à custa da
exploração do povo.
Aqui no Brasil muito se fala de um movimento de secessão dos
estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), assim como do
Estado de São Paulo. Aliás, o Sul com a sua Revolução Farroupilha (1835/1845) é
um exemplo desse movimento de fragmentação que cito no início do texto. Nesse
caso, ao contrário de outros processos como da formação de países na época, o
plano do imperialismo inglês fracassou e a revolução foi derrotada por Pedro II
e seu cão raivoso, Duque de Caxias, que seria mais tarde o comandante da
carnificina na Guerra do Paraguai (1864/1870).
Essa fragmentação de estados nacionais sempre interessou ao
capital internacional. A 1ª Guerra Mundial foi também um exemplo dessa tática ,
assim como a 2ª Guerra, e tantos outros conflitos armados no Oriente Médio, Coréia
e Vietnam. O conceito de fragmentação aplicado a esses estados “libertos” os
torna dependentes econômicos e financeiramente do grande sistema.
Dependendo do novo país não há recursos, infraestrutura e
possibilidade de sustentabilidade econômica. Os países da África fragmentada
mostram isso de uma forma bem nítida quando o continente que era dividido em
protetorados europeus se tornou independente e vivem há anos entre guerras e
extrema pobreza, e tendo seus recursos naturais sugados pelas multinacionais.
A queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da URSS (1991) também
representaram uma verdadeira festa para os senhores do capital. A desintegração
da chamada ‘Cortina de Ferro’ propiciou a criação de diversos estados nacionais
e guerras como aconteceu na Iugoslávia (Eslovênia, Macedônia, Sérvia,
Montenegro, Bósnia, Croácia) e países bálticos (Letônia, Lituânia e Estônia) e
Kosovo que fazia parte da Albânia.
Neste momento surgem movimentos separatistas na Espanha e
Iraque, a partir da independência da Catalunha e criação do Kurdistão. É óbvio
que todo povo de determinada região que se sinta oprimido ou não tenha seus
direitos reconhecidos por um estado central, tenha pleno direito de manifestar seu
descontentamento e desejo na busca de uma vida melhor, por suas próprias
pernas.
Mas a história prova
que ao longo dos anos esses movimentos separatistas acabam por serem manipulados
em razão de interesses que não estão nem um pouco preocupados com a realidade
dos povos que ali lutam por sua independência e liberdade. Na verdade, o
capital, como um predador, fica só de olho na sua próxima vítima para sugar
seus recursos e explorar inocentes úteis.
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